ATA DA VIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 30.11.1989.
Aos trinta dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Sétima Sessão Extraordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo, Clóvis Ilgenfritz e Heriberto Back. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e iniciada a ORDEM DO DIA. A seguir, foi aprovado Requerimento do Ver. Flávio Koutzii, solicitando LTS para o período de trinta de novembro a dois de dezembro do corrente ano. Em prosseguimento, o Sr. Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Heriberto Back e, informando que S. Exª já prestara compromisso nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo novamente, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Finanças e Orçamento. Em continuidade, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Airto Ferronato, acerca da possível suspensão dos trabalhos da presente Sessão, tendo em vista o aguardo de distribuição de material, aos Senhores Vereadores, relativo ao Projeto de Lei em Discussão Geral e Votação na Ordem do Dia. Às nove horas e cinqüenta e dois minutos, de acordo com o teor da Questão de Ordem acima referida, os trabalhos foram suspensos e reabertos às dez horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de “quorum”. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 50/89 que, juntamente com a Mensagem Retificativa e Emendas de nos 01 a 05, foi discutido pelos Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Isaac Ainhorn, Vicente Dutra, Elói Guimarães e Clóvis Ilgenfritz, e após receber Emendas de nos 06, 07, 08 e 09, sendo que as de nos 06 e 07 foram retiradas, a requerimentos, respectivamente, dos Vereadores João Dib e Isaac Ainhorn, teve declarada encerrada a discussão e sua votação protelada face à inexistência de “quorum” para tal. Durante a realização dos trabalhos o Senhor Presidente respondeu, também, a Questão de Ordem do Vereador Airto Ferronato, acerca da discussão do Projeto de Lei constante na Ordem do Dia e acerca de solicitação de envio de Técnicos da Secretaria Municipal da Fazenda com a finalidade de assessoramento e esclarecimentos dessa matéria. Às doze horas e trinta e nove minutos, nos termos do artigo 71, Parágrafo Único, do Regimento Interno, o Senhor Presidente levantou os trabalhos convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária a ocorrer à tarde, à hora regimental e para uma Sessão Extraordinária, a ocorrer logo após àquela. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão.
Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”.
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Há “quorum”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa submete ao Plenário Requerimento, de autoria
do Ver. Flávio Koutzii, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no período
de 30 de novembro a 2 de dezembro do corrente ano.
(Obs.:
Foi aprovado o Requerimento de licença Ver. Flávio Koutzii, e dada posse ao
Suplente, conforme consta na Ata.)
O SR. AIRTO FERRONATO (Questão de
Ordem): Foi feito um Relatório por
este Vereador, que ainda não está de posse dos colegas, propondo que se
suspendam os trabalhos neste momento, para que recebamos cópias do referido
Relatório.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa acata a Questão de Ordem do Ver. Airto
Ferronato e suspende os trabalhos por 5 minutos, até que o respectivo Parecer
esteja mimeografado e distribuído aos Srs. Vereadores.
Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 9h52min.)
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga - às
10h37min): Estão reabertos os
trabalhos.
Havendo
“quorum”, passamos à
ordem
do dia
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. Nº 2663/89 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 050/89, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Município para o exercício econômico-financeiro de 1990. Com Mensagem
Retificativa e Emendas de nºs 01 a 05.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa
a
Emenda nº 6, de autoria do Ver. João Dib, aposta ao PLE nº 050/89.
Em discussão o Projeto. Primeiro Vereador inscrito é
o Artur Zanella. Ausente.
Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a partir de uma
análise que fizemos da proposta orçamentária, e na condição de Relator, nós
gostaríamos de dizer que, inicialmente, na previsão apresentada pelo Sr.
Prefeito, tínhamos uma previsão de receita de 4 bilhões e 853 cruzados, e com a
proposta retificativa a receita chega a 4 bilhões, 945 milhões de cruzados, e
este acréscimo na receita decorre do acréscimo nas operações de crédito para a
cobertura do déficit que estava previsto em 577 milhões de cruzados, e a
mensagem retificativa aumenta para 670 milhões e 43 mil, dizendo que este
acréscimo entre o que foi previsto inicialmente, e o que constou na mensagem
retificativa, basicamente, diz respeito a acréscimos numa série de despesas que
o Sr. Prefeito propõe na mensagem retificativa para os ajustes que ele entende
necessários.
Houve, portanto, inicialmente, uma previsão de
acréscimo, em percentuais nominais, de 3.200%, e como esta avaliação a maior
deve chegar em torno de 3.400% entre a previsão orçamentária de 1989 e a
previsão orçamentária para 1990. Num segundo momento nós temos que a receita
prevista seria de 4 bilhões e 200 milhões para a receita corrente e receita da
capital 640 mil 708. Dizendo mais, que, desta receita de capital nós temos 28
milhões de cruzados, alienação de bens, 35 milhões, 204 mil cruzados,
contribuições da União; e 577 mil 503 operações de empréstimo. Portanto, nas
receitas de capital nós temos 90.13% que diz respeito à receita proveniente do
empréstimo.
Portanto nós devemos parar aqui para dizer que
basicamente, ou quase a totalidade da receita gerada no Município de Porto
Alegre, e em decorrência de transferências também, são receitas correntes. E
esta definição, receita corrente, é hoje um dos dados importantes até porque a
própria Constituição Federal já determina que as vinculações com as despesas de
pessoal têm por base esta receita corrente, além de outras vinculações. Então é
interessante que nós saibamos que quase 90% das receitas do município são
receitas correntes e mais, dentro das receitas correntes nós temos outro dado
que eu reputo interessantíssimo, que diz o seguinte, que as receitas próprias
somam 2 bilhões e 109 milhões de cruzados novos, as receitas de transferência
somam 2 bilhões 102 milhões de cruzados novos, ou seja, 50.08% é receita
própria e 49.92% é receita de transferência.
O
Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Ver. Airto Ferronato, V. Exª toca num detalhe do orçamento que me parece muito
significativo, a fim de que nós Vereadores tenhamos uma noção do problema que
atravessará a Prefeitura no ano que vem. V. Exª acaba de dizer que 90% das
receitas virão por empréstimo para cobrir o déficit previsto que, com a
mensagem retificativa, ficou em torno de 670 milhões de cruzados novos. E eu
agrego uma outra observação a essa sua assertiva, dizendo que este déficit está
previsto, já prevendo os recursos extras que viriam, caso se aprovam os
diversos Projetos relativos à reforma tributária. Eu pergunto a V. Exª, se
chegássemos a trabalhar com a hipótese de esta Câmara não aprovar este pacote
tributário que tramita nesta Casa, a quanto chegaria o déficit orçamentário da
Prefeitura no ano que vem?
O
SR. AIRTO FERRONATO: Eu fiz esta análise e aí nós temos que olhar o
seguinte, que os acréscimos decorrentes da reforma tributária, eles estão
praticamente todos incluídos no item reserva de continência, ou seja, não foi
dada na sua totalidade uma destinação de gasto. Isto significou que se previu
um acréscimo de receita de mil e esses mil, ao invés de serem destinados a
obras, serviços, etc., se colocou como reserva de contingência. A iniciativa,
uma vez não sendo aprovada ou parte, ou total, os projetos de reforma, basta se
fazer um estorno contábil da reserva de contingência, cotejar com a receita, se
diminui a receita sem se prejudicar o orçamento no seu todo. Acho que foi
correta a colocação desta forma.
O
Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Isto significa que o
déficit orçamentário do ano que vem entraria na mesma reserva de contingência?
O
SR. AIRTO FERRONATO: Não, eu lhe diria o seguinte: o déficit orçamentário
vem das despesas em comparação com as receitas, sem considerar a receita desses
novos tributos. Então significa o quê? O déficit de hoje está previsto 11 com
aumentos que chegam a 14, um pouco menos. Então, o que acontece? Acontece o
seguinte: se não forem aprovados os Projetos na sua totalidade, assim mesmo
praticamente o déficit previsto, não se altera, porque não foi dada a
destinação para esta despesa. Se não foi dada a destinação, o que acontece?
Acontece o seguinte: se tenho uma receita de 1.000 e prevejo que vou receber
mais 200, estipulo que gasto 1.000, então tenho uma receita de 1.000, previsão
de receita de 1.000, e tenho mais 200 de previsão de receita e não coloquei
como receita, coloquei 200 como contingência. O que acontece? Se não entrar
esta receita de 200, ela não altera o orçamento. Por quê? Porque está prevista
separadamente. Foi boa a colocação.
Mas dizendo o seguinte, voltando ao nosso aspecto, é
interessante que se faça uma análise da receita própria e da receita de
transferência. E mais: que se conheça o que é administração financeira neste
particular. O Direito Financeiro permite autonomia financeira para as receitas
próprias e não para as receitas de transferências. Nós gostaríamos de deixar
colocado que na verdade a autonomia financeira do Município de Porto Alegre ela
está praticamente em 50%. Por quê? Porque a estas receitas de transferências, o
órgão transferidor pode vincular alguma despesa. Neste sentido é que nós
gostaríamos de dizer que a receita de transferência da União e dos Estados ela
tem um peso de metade da receita do Município. Nós dependemos, portanto, muito,
do comportamento das receitas públicas, principalmente – vamos falar depois – a
nível estadual.
Fazendo-se esta outra análise, nós vamos de imediato
falar sobre outro item. Lá no item 4, da pág. 2, da minha Exposição de Motivos,
do Parecer, colocamos alguma coisa que reputamos interessantíssima: uma
previsão do crescimento nominal das receitas tributárias do Município. E lá
temos o seguinte: o IPTU vai crescer 3.405%, enquanto o ISS, o ITBI e o IVV
crescerão em torno de 903.952.918%. Aqui nós gostaríamos de dizer o seguinte:
quanto ao IPTU, que há um projeto de reforma tributária nesta Casa; está
colocado tecnicamente, entendemos correto 3.405% que deve ser a variação,
segundo informações da Prefeitura. Agora, não podemos entender por que o ISSQN
– página 2 – cresce apenas 903% e o ITBI 952%, quando se sabe que se espera uma
inflação maior. Quanto ao ISSQN, nós temos, nesta Casa, um Projeto que aumenta
a alíquota de 4% para 5%. Como pode aumentar apenas 903%? E mais, essa
comparação é feita com os dados do orçamento do ano passado, relativamente ao
orçamento deste ano. Ora, nós sabemos que a receita do ISSQN do ano passado foi
bem maior do que a do orçamento, então, a previsão orçamentária desse ISSQN
está bem menor do que 500%. Por quê? Se nós compararmos orçamento 1989 e
orçamento 1990, nós chegamos a 903% e se nós compararmos receita realizada de
ISSQN com o orçamento deste ano, não chega a 500%, o que entendemos ser muito
baixo.
O
Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Isso prova que a
Administração Popular não faz orçamento diferente de ninguém. O Orçamento da
Administração Alceu Collares para a Administração Popular previu um acréscimo
de ICM da ordem de 400% e nós sabemos que o acréscimo foi de cerca de 1.300 a
1.400%. É o que vai ocorrer com os 900% do ICM que eles estão aqui dizendo. É
um dado que o Estado fornece. E a previsão de arrecadação de ISSQN foi entre
380 e 390% e, surpreendentemente, cresceu um pouco mais de 1.000%. Deveria ter
crescido mais, porque, pela inflação da época que estamos vivendo, a
arrecadação de ISSQN deveria produzir mais em razão dos serviços. Muito
obrigado.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, como meu tempo está esgotado, como
Relator solicito mais 10 minutos.
O
SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): A Mesa defere a V. Exª os 10
minutos solicitados como Relator.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Muito obrigado. Então o ITBI, que foi um imposto
implantado este ano, que começou a ser cobrado por volta de março, primeiro ano
de implantação, sempre tem os seus problemas compreensíveis. O ITBI cresce na
projeção feita pela Prefeitura 952%. Entendemos que vai crescer muito mais,
apenas em função da agilização e, vamos dizer assim, do manancial de
experiência que a Secretaria da Fazenda adquiriu neste ano. Mais o seguinte,
temos nesta Casa um Projeto que altera as alíquotas do ITBI.
Portanto, também gostaríamos de deixar consignado
esse item e o IVVC. Ali está outro detalhe interessante. O IVVC que não tem
Projeto nenhum reajustando bases nem alíquotas nesta Casa, que continuaria 3%
sobre a mesma base, o IVVC cresce 918%, enquanto que o ISSQN, que só numa
taquarada tem 25% de aumento, cresce 903%. Não dá para entender. É uma
colocação.
Outro item, temos, taxas e contribuição de melhoria,
38.888%. Compreensível, pela proposta. E temos receita de serviço, 106.000%.
Então gostaríamos de deixar isto consignado também. Outra colocação,
crescimento da receita de transferência no item 5, por que se prevê apenas o
crescimento do ICMS, 932%, se prevê da TRU, ISPV, 788, imposto de renda, 746 e,
outros, 623? Entendemos, também, que vai crescer mais.
Outra coisa que temos que avaliar com detalhe, a meu
juízo, valor da receita tributária no item 6. Falamos antes, 50% da receita do
Município é receita própria, e 50% da receita do Município é receita de
transferência. Então, meio a meio, e se analisarmos o item 6, temos, de
transferências de impostos, 1 bilhão e 500 milhões. Taxa, aliás, não é
transferência, é da receita tributária própria. Taxa e contribuição, 19 (sic)
195 milhões. Portanto, temos quase a totalidade da receita própria como receita
de impostos, também, facilmente entendida. Quanto à receita de transferência,
que gostaríamos de avaliar no item 7, a receita do ICMs prevista é 1 bilhão 652
milhões e 400 mil e entendemos que vai dar muito mais.
Enquanto que todas as outras transferências de
tributo, IPI, IR, ISPV e uma série de outros chegaria apenas a 433 mil.
Portanto, temos que dos 50% da receita de transferência, temos que quase a
totalidade da transferência é receita de ICMs. No quadro abaixo, temos o
seguinte: receita própria 49%, todas as receitas do Município 49%, receita
própria. A receita do ICMs é 38,6%. Então, temos o seguinte dois bilhões, cento
e nove milhões e 1 bilhão, 652 milhões de receita de ICMs. Temos, assim, 49% de
receita própria, quase 39% receita de ICMs, 10% de outras transferências e 2%
de outras receitas.
Então, basicamente, o Município tem de receita a
receita própria e o ICMs. Este é o grande formador da receita do Município.
Outro item a respeito da receita que gostaríamos de
deixar mencionado são as vinculações. Por que este grande percentual de
vinculações? Primeiro, porque uma grande parcela da receita municipal é de
transferência. E como nós dissemos, a receita de transferência, numa série de
casos, chega ao destino já vinculada.
Então, vamos analisar no item 10 que temos 77.9% de
receita vinculada e apenas 22% de receita livre e não vinculada. E vinculada a
quê? Trinta e cinco milhões para EBTU-BIRD, para vias de transporte público;
nós temos 231 milhões para a Câmara; 150 milhões para pagamento do serviço da
dívida; 2 bilhões e 974 milhões de pessoal; outros encargos vinculados: 303
milhões; sobram não vinculados apenas 22.1%.
Chamando a atenção para se fazer propostas de emenda
ao orçamento, temos uma margem de manobra de apenas 22%. Aí que está alguma
coisa que tenho dito desde que assumi nesta Casa. Na verdade, o Legislativo
deve participar deste trabalho de confecção do orçamento. E ele participa, com
responsabilidade, e participa com limitação, porque, em apenas 22%, nós podemos
mexer. Quanto à análise da despesa, nós podemos dizer o seguinte: que a despesa
corrente é 80% e a despesa com capital é 14%, enquanto, no Estado, este índice
já alcança mais de 25% - a despesa de capital, de investimento basicamente. Nós
temos, no Município, e aí tem um dado interessante, 80% para custeio da máquina
e apenas 14% para despesas de capital. Existe uma inovação na Constituição
Federal, que diz que o Poder Publico não pode pedir empréstimo além da previsão
de despesa de capital. Esta é uma inovação que já estamos propondo, que, em
última análise, vincula as operações de empréstimo às despesas de capital, e
isto fica para o ano seguinte. Dá para fazer uma exposição melhor em outra
oportunidade.
Vejam o seguinte quadro: despesa corrente, para
custeio, 2 milhões, 581, 53%. E vejam que aí dentro está toda a despesa de
pessoal da Casa. Despesas de capital, investimentos, 586 milhões, isto dá 12%.
Outras transferências, 1 bilhão, 433, dá 29,5%. Este quadro eu acho
interessante. De toda a receita do Município, metade vem de fora e metade se
gera aqui dentro, de outros órgãos. É gerada também aqui em Porto Alegre, vem
de outras entidades, União e Estado. Desta composição, nós temos 53% para
gastos com custeio, 12% para investimento do Poder Executivo, da Administração
Direta, apenas 12% da receita total, que hoje é um pouco menos, pela Mensagem
Retificativa. E nós temos que o Município transfere para a Administração
Indireta 29,5%. É muito. Ele transfere mais do que o dobro do que investe em
bens de capital, investimentos, obras, etc. O Município investe 12% e transfere
29, e desses 29 de transferência, nós temos 92% das transferências que vão para
pagamento do custeio, enquanto apenas 7% das transferências são transferidas
para investimentos. Quer dizer, temos, praticamente, a totalidade, em torno de
14% da receita do Município, aplicado em investimentos, da administração direta
e indireta.
Para finalizar, digo que a despesa de pessoal mais
os encargos representa 70.6%, e que somos favoráveis às Emendas, porque, no
nosso entendimento, elas vêm trazer benefícios à população de Porto Alegre:
três Emendas de minha autoria, uma de autoria do Ver. Vieira da Cunha, e uma do
Ver. Artur Zanella, totalizando cinco Emendas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur Zanella.
O
SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é uma Emenda que o
Dr. João Dib apresenta, como Líder do PDS, com grande experiência. Essa Emenda,
nos três anos em que o Dr. Dib foi Prefeito, ele recebeu aqui, desta Casa,
mantendo, na Câmara, esta aprovação dos empréstimos. A mesma coisa ocorria com
o Dr. Alceu Collares e a mesma corrente de pensamento que fazia as Emendas, tirando
da Prefeitura esta liberalidade, tenta, agora, aprovar esta concessão. Então, a
Emenda melhora o Projeto.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro
lugar, tem que ficar bem claro que a aprovação do orçamento não pressupõe a
aprovação dos Projetos Complementares e nem vai haver falta de recursos, se
aqueles Projetos que estão aqui, da famosa reforma tributária, não forem
aprovados, ou forem aprovados em parte. Porque, evidentemente, nós no ano que
vem aprovaremos dezenas de projetos suplementando recursos por excesso de
arrecadação, e isto é da inflação.
Então não há problema algum de nós aprovarmos este
orçamento assim como está, que não traz, evidentemente, comprometimento com a
aprovação de outros Projetos. Causa-me alguma ansiedade até a previsão
orçamentária do DEMHAB. É um dos menores orçamentos o do DEMHAB e, em termos
proporcionais, é o último orçamento do Município. Com estes recursos aqui, o
DEMHAB fará muito pouco. E eu digo que fará muito pouco, porque tenho notado, e
notei isto na inauguração do Conjunto Guapuruvu, onde o DEMHAB fez no mínimo
indelicadeza, recebeu todos os recursos da Caixa Econômica Federal para
financiar o Conjunto Guapuruvu e o único nome que não aparece no convite é
exatamente o da Caixa, que ainda foi mimoseada com algumas ofensas no discurso
inauguratório. Então há pessoas que não têm diálogo com a Caixa, recebem o
dinheiro da Caixa e não botam o nome da Caixa no convite para não dizer que
veio o dinheiro do Governo Sarney, provavelmente.
Evidentemente, tem que ter um orçamento desse tipo
aqui. Vejo também na página dois do encaminhamento, que a população, como
sempre, é sábia, e colocou como suas prioridades: saneamento, pavimentação,
regularização de terrenos, saúde e educação. Como prioridade para o orçamento
de 1990; tirou fora o transporte, porque com o transporte que aí está demonstra
que a Prefeitura tem que fazer o que sempre fez: fiscalizar o transporte,
tentar organizar o transporte e não fazer estas desastradas incursões como
administradores de empresas de ônibus com os ônibus dos outros. Na página 3,
item 1, fala-se na criação da unidade de referência municipal, a qual permitirá
o reajuste mensal dos tributos. Como o Sr. Prefeito diz que os tributos são
102%, e os tributos serão mensais, com mais razão ainda o Projeto do Ver. Leão
de Medeiros, transformando em mensal, também, o pagamento dos funcionários,
porque se arrecada 2% menos, quer dizer, todo o orçamento vai para os
funcionários, e ainda falta 2%, segundo o Sr. Verle e o Prefeito. Como agora o
reajuste dos tributos será mensal, os salários também, tranqüilamente, o serão.
Vejo também o ISSQN. Eu tenho uma emenda que coloca
no mesmo patamar atual o ISSQN de todas as construções financiadas pelo Sistema
Financeiro da Habitação. Estou fazendo também uma outra emenda sobre o ISSQN
das obras públicas.
O item 6, Sr. Presidente, é uma estranheza total,
porque diz o Sr. Prefeito que institui a contribuição de melhoria sem objetivo
de aumentar a arrecadação, e, sim, atender às inúmeras demandas da sociedade.
Ora, evidente que aumentará a arrecadação para atender as demandas da
sociedade. E eu tenho um belo exemplo do PT de São Leopoldo, que cobra do
Prefeito de São Leopoldo o cumprimento de uma Lei de São Leopoldo, aprovada
pelo PT, isentando as pessoas que ganham até 6 salários mínimos.
Então, eu estou entrando com uma emenda igual a do
PT de São Leopoldo, que cobra lá do Prefeito Albrecht, isentando as pessoas que
ganham até 6 salários mínimos. Para evitar problemas de mal entendimento, eu
vou apresentar a lei exatamente igual à do PT de São Leopoldo, isentando as
pessoas que ganham até seis salários mínimos, da contribuição de melhoria, lei
aprovada, Ver. Vieira da Cunha, e que está sendo cobrada pelo PT de São
Leopoldo, do Prefeito Olímpio Albrecht. Estou apresentando uma Emenda na
contribuição de melhoria igual à Lei do PT, para evitar que eu erre alguma
vírgula, vou copiar igual. E a criação da tarifa de esgoto misto, já em
tramitação nesta Casa, estacionamento na área central.
Em primeiro lugar, não existe nenhuma criação de
tarifa de esgoto misto em Porto Alegre, neste momento, nesta Casa. O Ver.
Vieira da Cunha, que é o Presidente da Comissão que trata do assunto deste
imposto, em reunião que houve nesta Casa, aqui, ouviu do Sr. Diretor do DMAE
que não é criação de imposto misto coisa nenhuma. É uma extensão de um imposto
cobrado, de uma taxa cobrada, no cloacal, e que, como o cloacal é jogado no
pluvial, considera-se aquela rede como cloacal. Por isso, os 80%. Não tem
nenhuma criação de tarifa de esgoto misto nesta Casa. Eu vou fazer uma Emenda,
que acho que é melhor para a Cidade, melhor para a Administração Popular,
criando, efetivamente, a tarifa do esgoto misto. Isto é, fazendo com que as
pessoas paguem 50% do pluvial, tenha ou não esgoto cloacal na cidade; são dois
serviços diferentes, então pagam duas taxas diferentes. Essa é a Emenda que
estou fazendo neste Projeto.
Finalmente, existe uma Emenda que foi discutida lá
na Restinga. Como um tinha de assinar, eu assinei, transferindo diversas verbas,
nenhuma de pessoal, nenhuma essencial, transferindo para a Secretaria Municipal
de Indústria e Comércio, nosso Secretário Vasconcellos, ex-funcionário desta
Casa e um brilhante Secretário da Indústria e Comércio, transferindo para a
Secretaria de Indústria e Comércio 1 milhão de cruzados para a implantação do
Distrito Industrial da Restinga. Retira-se dos gabinetes do Prefeito, do
Vice-Prefeito, da Secretaria do Governo Municipal e da Secretaria do
Planejamento – 1 milhão de cruzados só. Não dá para quase nada, mas ao menos
abre a rubrica para uma possível suplementação o ano que vem e tem uma possível
contrapartida de verbas estaduais e federais, porque alguém, um deputado do
Estado me disse que tinha lá um projeto para verbas para o Distrito Industrial
da Restinga. E eu dizia: “Mas se a Prefeitura não gasta por que nós vamos
gastar?” Então, como contrapartida.
E, finalmente, os Srs. Vereadores do PT, o Sr.
Vice-Prefeito, o Prefeito, vão descobrir agora algo que parece muito estranho:
não é o orçamento que define a política de governo. Porque sempre diziam que
estavam administrando com o orçamento do Collares, que em 1990 ia ser um
orçamento novo. Podia ter sido alterado no segundo semestre, não o foi e o
Prefeito vai administrar um orçamento parecido com todos os outros, agora, isso
sim, com maiores recursos do que os outros Prefeitos tiveram. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na oportunidade em
que estávamos discutindo o orçamento, acredito que na primeira reunião de Pauta
eu suscitei uma questão que acho que foi bem equacionada e me foi bem
respondida, até porque eu não sou um técnico no assunto de orçamento. Eu
chamava a atenção que as taxas estavam previstas no orçamento e de repente elas
não poderiam ser rejeitadas, elas estavam orçadas no ponto de vista de receita,
Ver. Antonio Hohlfeldt, Ver. Adroaldo Corrêa e
demais Vereadores da Bancada petista. O que acontece é que foi à Comissão de
Justiça e esta, sob assessoria econômica, inclusive, e jurídica, constatou e
disse que estava bem. Os valores da taxa de iluminação pública, os valores da
taxa de esgoto, Ver. Airto Ferronato, estão na reserva de contingência.
Agora, eu me indago, pelo motivo de estar
apresentando uma Emenda neste momento, como fica o IPTU, que está orçado em
mais de 3.000% a receita em caso de virmos a rejeitar o Projeto de Lei do IPTU,
nas bases em que ele está proposto. Alguma alternativa, um substitutivo, a minha
emenda, algo, efetivamente deverá ser feito.
Acredito até que com o apoio da Bancada
situacionista vamos equacionar esse problema porque os questionamentos, o
clamor público da população em relação ao IPTU tem sido enorme. Ontem mesmo
participei de uma reunião na igreja no Bairro Tristeza onde discutíamos
inclusive com a presença de uma técnica da Prefeitura a questão do imposto
predial. Aliás, em matéria da questão do imposto predial, uma das questões que
não está elucidada é porque esse negócio de informática ainda vamos ter que
aprofundar, talvez para as gerações subseqüentes, o estudo da informática vai
ser um negócio fundamental. É como contabilidade, advogado tem que ter uma
noção básica de contabilidade senão ele não consegue decifrar questões que
estão inseridas dentro da matéria contábil. Da mesma forma informática. Chega e
diz assim 67% dos imóveis estão com índice de reajustamento cujo patamar é
inferior a 1.500%. Inferior, portanto, à inflação. É uma informação, diz, como
diz o Presidente do Tribunal Superior Eleitoral e que hoje, nós da Bancada do
PDT, junto com o Partido dos Trabalhadores, com a Frente Brasil Popular,
estamos nacionalmente questionando, o apoio da necessidade de uma fiscalização,
de uma auditoria sobre os números de um Tribunal Superior porque ninguém é dono
da verdade de forma absoluta. Então, o que acontece? Afirma 67%, mas eu,
rapidamente fui em cima, 67%, muito bem, mas nestes 67%, vejam V. Exª, estão
inseridos 25% de imóveis que estavam isentos e que muitos deles vão deixar de
ser isentos, vão pagar. Mas estão naquela faixa dos 67%?
Então os 67%, Vereador, não são mais 67%, os 67%
passam a ser 42%. Essa é que é a grande realidade, 67% passou a ser 42%. Então
diríamos 42%, acreditando nos dados oriundos, não quero desacreditar, mas a mim
não me foi provado, quer dizer, foi afirmado, tem sido uma afirmativa
permanente. Nem tive em mãos nenhum documento que levasse a esse número, até
porque tudo é feito em termos de projeções porque não temos lei, então são
feitas simulações.
Estamos trabalhando, Ver. Omar Ferri, e só tem uma
forma de ver se paga mais ou paga menos, é a amostragem. Esse procedimento me
foi indicado pela brilhante assessoria técnica da Casa, depois virou moda. O
Ver. Flávio Koutzii disse o que cada um vai pagar de imposto predial, acho que
ninguém tem nada a esconder. Necessariamente nem todos os Vereadores são
proprietários das suas casas, eu alugo.
Se constatava ali os valores; depois, em função
deste fato, sensível ao clamor, todo o mundo queria saber o que vai pagar, a
Prefeitura estabeleceu um serviço de informações. Ótimo. Nós nos sentimos
partícipes deste processo, na medida que apresentei os números, eu estava
fazendo simulações em cima de um projeto de lei. Poderia ter erros. Acabou-se
criando um serviço; mesmo as simulações podem ter pequenos erros, isto disse a
técnica Marilena, lá na Zona Sul, onde discutíamos a questão do imposto
predial. Vamos ter que discutir o problema do imposto predial na oportunidade
devida. Nem instalados a Comissão Especial, vamos precisar ouvir os juristas,
tributaristas gaúchas. Não vamos precisar importar tributaristas de São Paulo
para dar parecer. Temos o René de Ávila, que já nos ajudou muito; temos o
Visotto, que é um homem altamente qualificado. Na Comissão especial quero
ouvi-los. Tenho aqui um tributarista, o Ver. Airto Ferronato.
O
Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª faz uma
lamentável injustiça com o Ver. Airto Ferronato.
O
SR. ISAAC AINHORN: Não fiz, porque referi. O meu questionamento é o
seguinte: volto a dizer, tenho dificuldades. O Ver. João Dib é árabe nos
números...
Bem, só quero dizer o seguinte: como eu vou resolver
o problema, se aprovar, hoje, uma receita de IPTU que é calculada dentro da
Projeção do Projeto de Lei que não foi aprovada? Então, eu estou apresentando
uma Emenda, com a assinatura do meu Líder, Vieira da Cunha, em que transferimos
parte da receita de IPTU, da receita normal ordinária para a reserva de
contingência. Se aplicado, todo aquele valor, automaticamente, passa para a
receita normal. Diz a Emenda: “O Executivo fará constar na reserva de
contingência a dotação 9,00006, Imposto sobre a Propriedade Predial e
Territorial Urbana, no valor de 239 milhões e 650 mil cruzados novos, reduzindo
tal montante das diversas dotações de despesas, nas proporções e valores
compatíveis.” Então, é uma colaboração no sentido de não aprovarmos coisa
incoerente, porque está todo o Orçamento dentro de uma expectativa de uma
receita de aprovação de projetos.
A minha proposta não é de excluir esta receita, mas
de deixá-la, junto com as demais taxas, na reserva de contingência.
O
Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) A Bancada do PDS,
como V. Exª, deve entender que nós devemos buscar a justiça tributária para um
orçamento justo e que seja um orçamento baseado numa tributação suportável pela
comunidade. Mas com toda a boa vontade que tenhamos para com o Orçamento do
Executivo...
O
SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): O próximo orador inscrito é o Ver. Vicente Dutra, e
o Ver. Giovani Gregol cede seu tempo para o Ver. Isaac Ainhorn.
O
Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Vejo aqui 12% de investimentos, ora, com mais dois tributos que o Executivo
recebeu para a grande reforma, entre aspas, dado pela Constituição Federal, com
a reforma tributária proposta, com austeridade que o Governo do PT diz que tem,
e acho que tem, apenas 12% de investimentos. Pobre cidade de Porto Alegre, com
tudo que deve ser feito em Porto Alegre em termos de pavimentação, de escolas
que devem ser construídas, de iluminação, só 12%? Fico, realmente, muito
preocupado com este investimento.
O
SR. ISAAC AINHORN: Ainda dá para apresentar Emendas. Acho que o
que V. Exª coloca é muito sério mesmo. E a rubrica de transporte, como é que
está?
O
Sr. Vicente Dutra: Está em um vírgula pouco no transporte; agora, no
particular, tem um outro detalhe gritante apresentado no plano de obras, em
anexo, vemos o Mercado Público Municipal está recebendo uma dotação de 484.380
mil cruzados; a Câmara Municipal, a nossa Câmara Municipal, a Casa do Povo de
Porto Alegre, que não é nossa, é do povo, que os corredores vivem cheios de
gente, é uma alegria, cedemos as salas e tal, com toda a precariedade das
nossas instalações, só 259 mil, e o Mercado Público tem os concessionários que
recebem e ganham muito dinheiro em benefício daquela concessão. Acho que não
está correta esta proposta do PT; no mínimo, isso deve ser invertido, a Câmara
passar a receber os 484 mil, e o Mercado Público, se deve receber, acho que não
deve receber nada, receber os 259 mil.
O
SR. ISAAC AINHORN: V. Exª concorda com a minha proposta com relação à
colocação em reserva de contingência de parte da receita de IPTU?
O
Sr. Vicente Dutra: Sim, agora eu consulto aqui os meus tributaristas
que se nós aprovarmos não vai ter problema, se não fosse aprovada na forma que
está proposta pelo Executivo a proposta do IPTU.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Eu gostaria de dizer: e se, eventualmente, por uma deficiência da instalação
elétrica do Mercado Público, ocorrer alguma desgraça?
O
Sr. Vicente Dutra: Mas isso quem tem que pagar são os concessionários,
Vereador.
O
SR. ISAAC AINHORN: Como muitos, eu sou contra isso. Ele tem razão. Já
foi criado um fundo, dinheiro, e foi feita a fiação, eu não estou entendendo
mais nada da história da fiação.
O
Sr. Vicente Dutra: Aqui está falando um privatista: os privados que
estão recebendo aquela concessão lá que paguem aquilo lá.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: Gostaria de dizer a V. Exª que acompanhei com
atenção a observação que V. Exª fez na incorporação aos 67% e aqueles que eram
isentos transformou em 42. Mas os que estão acima da inflação continuam sendo
33, e isso V. Exª leva em consideração com certeza.
O
SR. ISAAC AINHORN: Segundo os números apresentados por V. Exª pelo
Governo, sim. V. Exª assina em baixo desses números?
O
Sr. Adroaldo Corrêa: Eu tenho sido informado pelas mesmas fontes que V.
Exª tem sido informado em relação à Fazenda e obtenho esses números da mesma
forma como Vossa Excelência.
O
SR. ISAAC AINHORN: Eu quero ver os papéis. Eu quero ver os documentos.
Nós temos uma formação jurídica.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª tem acesso aos papéis na Secretaria da
Fazenda. Eu gostaria de concluir o aparte. Eu particularmente gostaria de
comentar que no aspecto que V. Exª propõe eu creio que não incidirá na
alteração da evolução do IPTU. Porque isto não é o objeto da proposta
que está aqui alterando o IPTU, e sim da simples correção do imposto.
O
SR. ISAAC AINHORN: Não, tanto é que prevê mais de 3.000%.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: Exatamente pela base de cálculo e pela retirada de
freios, não pelo Projeto que está aqui, no orçamento ele não será mudado.
O
SR. ISAAC AINHORN: O problema é o seguinte, eu também não posso
tramitar (sic) ele está trabalhando com alíquota. Qual é a alíquota? Qual é o
critério, de tal 3.500%? O inflacionário? Não é. Porque pelo inflacionário
seria 1.500%. Onde é que está?
O
Sr. Adroaldo Corrêa: É a relocalização na planta da Cidade, retirada de
freios, a partir do avanço do valor venal, correspondente a um cálculo real...
O
SR. ISAAC AINHORN: Alguma alíquota deve ter sido adotada.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: Ah, sim. A de 1,2 a 0,2. Esta alíquota existe...
O
SR. ISAAC AINHORN: Esta alíquota não existe, Vereador, de 0,2, no
ordenamento jurídico municipal, ainda. Poderá até a vir a existir. Mas ela não
existe. Hoje existe no ordenamento jurídico municipal as alíquotas de 0,85 e
1,2. Até, se simplesmente rejeitarmos este Projeto.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: Vai ficar a mais do que V. Exª está prevendo.
O
SR. ISAAC AINHORN: Não. Aí seria 3.500%, seria até 20.000%, porque
aumentou os impostos deste jeito não é por causa das alíquotas, é verdade isto,
é em função do metro quadrado da construção que aumentou de 2.000 a 11.000%. E
o metro quadrado do terreno na planta de valores o reajuste é de 1.500%.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: E isto não é objeto do Projeto que está aqui. O
Projeto que está aqui é só sobre alíquotas.
O
SR. ISAAC AINHORN: Não, ao contrário. O cálculo até de repente
poderíamos fazer uma reunião com os funcionários da Fazenda para informar, eu
tenho quase convicção, Vereador. Eu não sei se o Vereador Clóvis pode informar
isto, como Secretário do Planejamento que foi, ele poderia informar exatamente
este dado sobre a projeção de receita de IPTU, qual é o critério desta receita
prevista. Aí é que está. Tanto é que é verdade que tenho em vista já o projeto
em que o metro quadrado que ele toma como base da planta de valores, e é por
isso que a planta de valores acompanha a lei de orçamento.
Veja como a matéria é complexa. Agora, eu tenho para
mim que isto é tranqüilo. Está aí a emenda para ser avaliada pelos colegas
Vereadores e eu acho que é apenas uma medida de precaução para não sermos
tachados de incoerentes quando amanhã nós rejeitarmos este projeto e
apresentarmos emendas que vão diminuir consideravelmente esta expectativa de
receita, ou viermos a apresentar um substitutivo. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A palavra está com o Ver. Vicente Dutra.
O
SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na verdade, ia
fazer minha manifestação à tarde. Mas, eu não poderia falar, reiterando aquilo
que transmiti, em aparte, sobre a minha preocupação em verificar no Orçamento
apontado apenas os 12% para investimento. Ora, um Município que recebeu dois
tributos novos, recebeu uma parcela maior de transferência, propõe uma reforma
tributária, é um governo austero, não tenho dúvidas, propor só 12% de
investimento, numa cidade em que há tudo por fazer, com 400.000 pessoas vivendo
na forma mais subumana, nas periferias, com áreas verdes a serem construídas,
reparos a serem feitos nos parques e jardins, alimentação, iluminação, sistema
viário, escolas, 12% é muito pouco. Então, durante o dia vamos ver como se pode
fazer para inverter essa situação.
Há um outro dado gritante: o valor destinado ao
Mercado Público, no valor de 484 milhões, e a nossa Câmara, não é nossa, o meu
gabinete está como está, mas que se apronte esta Casa para que ela possa
receber e cumprir a sua importante missão, que é bem representar o povo de
Porto Alegre, acolhendo as diversas representações das forças vivas da
comunidade, que sempre estão vindo aqui. Temos de ter instalações condignas
para que esta Casa seja realmente o lugar de encontro, a caixa de ressonância
do povo de Porto Alegre; nesse momento isso não pode ser, porque não há
instalações. Vamos estudar uma forma de alterar, pelo menos, como diz o sábio
Ver. João Dib, em somar os dois valores, 740 mil (Mercado Público mais a
Câmara) e, salomonicamente, vamos somar os dois e dividir por dois. Vamos
apresentar uma emenda nesse sentido.
O
Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Nobre Vereador, gostaria de deixar claro que nós, realmente, também comungamos
desse princípio básico, desta colocação, de que é fundamental que a gente
termine a obra da Câmara. Sou um dos que mais tem esse interesse, me dediquei a
isso, casualmente, por ser profissional da área, quando fui assessor aqui, e
junto com o atual Presidente, nós ontem e hoje estivemos fazendo inúmeras
tratativas no sentido de garantir uma rubrica especial para a Câmara neste
orçamento que não está proposto, por um problema que nós só nos esclarecemos
mutuamente agora, uma rubrica específica para obras da Câmara; onde a gente
poderá ter garantias de que o processo de construção e de acabamento desta obra
se dê porque se o Poder Legislativo do Município não puder ter uma obra
terminada, por que todos os outros setores têm? Nós também achamos isso. Este é
um ponto de vista nosso, que nós defendemos e a Bancada certamente vai
defender.
Agora, tem outro aspecto que eu queria colocar, que
acho que é básico para todo esse entendimento. Nós discutimos junto com a
comunidade, 3 meses, o processo de formação de um projeto de plano de obras,
que é um avanço neste sentido. O plano de obras garante verbas para a Câmara,
mas pela vontade da comunidade, num primeiro entendimento, eles tinham cortado toda
a verba, tanto da Câmara, como de outros consertos de prédios públicos, da José
Montaury, do próprio Palácio Municipal, do prédio da SMOV, e assim por diante.
Então, nós conseguimos com o movimento comunitário que eles concordassem que no
mínimo esta verba permanecesse e durante o ano nós faríamos um esforço para
suplementá-la. Essa é a nossa colocação porque neste ponto nós estamos
comprometidos com este Projeto, o plano de obras.
Com relação à outra questão que coloquei
anteriormente, nós estamos fazendo tratativas para ver se a Câmara aprova.
O
SR. VICENTE DUTRA: Tenho certeza que esta consulta feita pelo Executivo
tem o seu valor, mas é um valor relativo, Vereador. Tive opiniões de pessoas
que participaram desta consulta que não concordam com algumas decisões que
foram sugeridas ali na colocação. A comunidade é representada mesmo pelo
Vereador, o Vereador é que faz a campanha, ele sai para busca do voto e nesta
busca ele vai colhendo, ele tem esta sensibilidade, o dia todo ele está atento,
então dizem muitas vezes, ah, o Mercado tem um valor histórico. Maravilha!
Então, nós temos que preservar. Põe ali um valor. Mas não vê o outro lado, que
lá têm concessionárias, que ganham e ganham bem por aquilo ali. Se não
quiserem, se estão perdendo dinheiro, entreguem aquela concessão que eu sou um
candidato. Gostaria muito de pegar, por exemplo, aquela banca de sorvete,
porque aprecio muito aquele sorvete de lá. Mas se sabe que eles estão muito
satisfeitos, que estão ganhando muito bem lá, eles que arquem com a despesa da
manutenção. Agora, salomonicamente, o Ver. João Dib, que é um sábio, um grande
matemático, já fez os cálculos e deu setecentos e uns quebrados, que dividido
por 2, dá 350 mil. Então, vamos alterar isso aqui, pelo menos isso, Ver. Valdir
Fraga, para que o Ver. Valdir Fraga possa dormir tranqüilo, não continue a
perder seus preciosos cabelos no desespero de conseguir acomodar o serviço
desta Casa sem recursos.
O
Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Tendo a concordar com o raciocínio de V. Exª, Vereador, e com essa solução que
V. Exª diz ser salomônica, mas que me parece justa, que o Mercado e a Câmara,
neste momento, tenham um tratamento igualitário. E a preços médios de 90, daria
3.346.110 para cada um, ao invés de 4 para o Mercado e 2 para a Câmara. Mas a
minha preocupação é como materializar isso na proposta orçamentária, já que
esses dados se referem apenas a um demonstrativo que o Sr. Prefeito envia à
Câmara.
O
SR. VICENTE DUTRA: Isso é fácil, Vereador: agora o Ver. Clovis
Ilgenfritz liga para o gabinete e, em seguida, vem uma retificação desse plano
de obras aqui.
O
Sr. Vieira da Cunha: Mas esse plano de obras não faz parte do orçamento,
a menos que eu esteja enganado. É apenas um demonstrativo.
O
SR. VICENTE DUTRA: Mas é uma intenção. Se ele der a sua palavra, nós
aceitaremos, porque não duvidamos da palavra do PT, mas acho que seria
de bom alvitre que enviasse para cá uma retificação dos valores, porque, afinal
de contas, quem decide isso são os Vereadores e o PT teria uma justificativa
com relação aos movimentos populares. Foi sugerido, mas aqui foi modificado,
porque a palavra final sempre cabe aos Vereadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Anunciamos a Emenda nº 7, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, ao Proc. nº
2663/89.
Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato, pelo tempo
que lhe cede a Verª Letícia Arruda.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, agradeço a Letícia
Arruda que me cede este tempo, até porque, pela posição inicial, dentre outras
coisas, não falei sobre as emendas e apresentei uma Emenda, a de número 1, que
estabelece limites para que o Executivo realize operações de crédito por
antecipação da receita, enquanto o Poder Executivo colocou no Orçamento um
pedido de autorização para operações de crédito por antecipação da receita, nós
limitamos esse empréstimo a 25% da receita prevista, e, com referência à
realização de operações de crédito para a cobertura do déficit, o Executivo
Municipal não colocava nenhum limite, ou seja, pedia uma autorização para a
cobertura do déficit de 100%. O déficit previsto é 11.9%, apresentamos uma
emenda limitando as operações de empréstimo para a cobertura do déficit até 15%
da receita prevista. Colocamos 15% inicialmente, porque a previsão do déficit
contida no orçamento é de 11%, com a mensagem retificativa do Sr. Prefeito,
esse déficit passa para 15%.
O nobre Vereador João Dib apresenta uma Emenda de nº
6 que tem em síntese o objetivo de tirar da Lei de Orçamento esta autorização
de operações de crédito. Diz, então, a Emenda do nobre Vereador: “suprima-se o
inciso III do art. 3º”. Suprimindo-se este inciso, estaríamos dizendo que não
estaríamos autorizando nenhuma possibilidade de que o Poder Executivo venha a
tomar empréstimos para cobrir o déficit. E há de se entender, também, que na
própria Constituição constou que na lei do Orçamento deve existir a previsão da
receita, fixação da despesa, autorização para abertura de crédito suplementar
até 25%, empréstimo por antecipação de receita e o modo de cobrir o déficit. E
nós entendemos que é interessante que conste neste Orçamento a forma de cobrir
o déficit.
Agora, dentro do déficit previsto, que gira em torno
de 16%, e não apenas ilimitadamente. Por isso apresentamos a nossa emenda que
entendemos ser razoável e que já tem a acolhida da maioria dos Vereadores desta
Casa.
O
Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador,
cumprimento V. Exª e quero dizer que depois de debater com V. Exª acho que está
certo. E vou retirar a emenda proposta. V. Exª coloca, e muito bem, limites, e
faz o que a Lei Orgânica determina, competência, e, no caso, como disse na
minha justificativa, competência significa responsabilidade, e responsabilidade
não se transfere, se assume. E no momento que V. Exª está colocando um limite,
está exercendo plenamente a responsabilidade que cada Vereador tem. Vou
acompanhar a emenda de V. Exª e retirar a emenda que eu havia colocado.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Nós agradecemos as palavras de V. Exª, dizendo que
entendemos, também, como V. Exª que devemos ter responsabilidade nos atos que
fazemos. Nas emendas devemos ter cuidado de trazer para a Câmara poderes,
controle e, acima de tudo, trazer a discussão para esta Câmara, dentro dos
limites razoáveis que V. Exª tem aqui dito.
Apresentamos mais duas emendas e gostaríamos de aqui
dizer o seguinte, até porque aqui tem muitos números e pouca explicação.
Se nós analisarmos, temos o seguinte: concessão de
bolsa de estudos, 108 mil cruzados. E temos quase 4 milhões de cruzados em
material. Bolsas de estudo para meninos carentes, 108 mil, enquanto que, em
material de consumo, quase 3 milhões de cruzados. Então, estamos retirando do
material de consumo, para manutenção de ensino, 392 mil, e estamos colocando
para concessão de auxílio de bolsas de estudos para meninos carentes. Com isso,
nós passamos dos 108 mil para 500 mil cruzados a possibilidade de se conceder
bolsas de estudo para meninos carentes. Acreditamos que seja uma medida salutar
e altamente social.
Por outro lado, também estamos retirando alguns
recursos, na Emenda 3, do Gabinete do Prefeito e colocando em obras de
ampliação e melhoria da rede pluvial, no valor de 2 milhões. E gostaríamos de
dizer o seguinte: cresceu em 3.500% a verba destinada ao Gabinete do Prefeito e
apenas 3.100% a verba destinada ao DEP. Com esta Emenda, que apresenta valores
módicos em relação ao total da verba consignada, nós acreditamos que seja
possível colocar estas importâncias em obras de prevenção, principalmente
quanto aos alagamentos da Zona Norte.
Outra Emenda que temos para analisar é a do Ver.
Vieira da Cunha, a qual também somos favoráveis. Ele retira, em síntese, a
autorização para abertura de crédito com receita proveniente de tarifas e taxas
públicas. Acreditamos nós que, uma vez aprovadas, num segundo momento,
estaremos à disposição de imediatamente aprovar esta modificação.
Gostaria de falar, por fim, com referência à
proposta da Emenda encaminhada pelo nobre Ver. Isaac Ainhorn, que pretende colocar
recursos de tributos, de impostos, nesse caso, na reserva de contingência;
acontece que ele está com a proposta aumentando a previsão orçamentária da
reserva de contingência, e nós gostaríamos de dizer que com a Emenda do Ver.
Isaac Ainhorn estamos, com todo o respeito, prejudicando a sociedade de Porto
Alegre, se ele retira uma verba destinada para uma despesa “x”, ele não
retirou, mas, em última análise quer dizer isso, e coloca em alguma coisa sem
destinação de verba, porque ele colocou que é para pegar receita e colocar como
reserva de contingência, isso não pode, tem que pegar uma despesa e colocar
como outra despesa de contingência. Então, na verdade, em se fazendo isso,
estamos perdendo, inclusive, a nossa força, estamos tirando dotação de um item
e colocando numa reserva de contingência, e contingência, é só ler no
dicionário, significa estar à disposição de alguma coisa. Portanto o meu
parecer é contrário, porque estamos prejudicando a população de Porto Alegre.
Temos que aprovar destinação dessa verba, e mais, temos que, no ano seguinte,
começar a acompanhar de perto todas as propostas que venham a esta Casa, e que
digam respeito a crédito suplementar e especial, porque ali vamos dar uma
destinação correta para as verbas.
O
Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não para comprovar
que prestava atenção ao pronunciamento, mas porque realmente me preocupa,
inclusive, havia solicitado assessoramento para poder dizer o que vou dizer
agora, apenas para confirmar a experiência, não há por que transferir para a
reserva de contingência, se não for aprovado o IPTU na forma proposta, o
Secretário da Fazenda, do Planejamento, farão uma reformulação internamente do
orçamento e tudo continuará muito certo, sem problema nenhum. E V. Exª tem toda
a razão, e o meu apoio para que a Emenda não seja aprovada.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Para finalizar, gostaria de dizer que muito se fala
que o orçamento está mal porque o orçamento não nos deixa trabalhar e me foi
pedido: “Ferronato, não dá para colocar alguma coisa na Lei Orgânica para
possibilitar mexer no orçamento?” Digo, não isto já existe há muitos anos, ou
seja, dizer que nós não fizemos isto ou aquilo porque o governo anterior nos
deixou um orçamento a e b, esta eu não engulo, porque se o orçamento está
proposto aí, nós podemos fazer c e d, é só através do mecanismo do crédito
adicional. Tirar de um item e colocar num outro.
O
Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Duas pequenas
observações, em primeiro lugar eu lamento que o nobre líder do PDT tenha
subscrito esta emenda conjuntamente com o Ver. Isaac Ainhorn. Em segundo lugar
eu não sei se estou errado, um pouco errado, completamente errado, se estou
certo. Ocorre que o inciso V, do art. 158 do Regimento Interno da Câmara
Municipal de Porto Alegre, diz que o Projeto da Lei Orçamentária somente poderá
sofrer emenda na Comissão, obedecendo ao disposto no art. 52 da Lei Orgânica.
Por isso me parece que são ilegais estas emendas aqui apresentadas. Gostaria que
V. Exª me esclarecesse sobre esta cruel dúvida que ora me assalta.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Nós gostaríamos de dizer que não lemos o que consta
na Lei Orgânica e dizer o seguinte, Vereador, hoje nós estamos num hiato em
função do que foi definido a nível de Constituição Federal e do que ainda está
sendo definido a nível de Lei Orgânica. E mais, nós temos um problema sério. A
Constituição diz assim: Lei Complementar definirá norma geral em matéria de
orçamento. Como nós não temos esta Lei Complementar, esta situação fica um
pouco debilitada. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Elói Guimarães.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, já tivemos a
oportunidade de, em épocas passadas, fazer uma análise no que respeita à
questão do imposto, ou seja, o ingresso público para que o Estado-instituição
fizesse face ao elenco de atividades que lhe corresponde. Sustentamos nesta
análise que elaboramos a inconsistência do tributo para que as populações
tivessem atendido a enorme gama de atribuições, necessidades e carências. O
mecanismo do Estado, Município e União tem, exatamente nas contribuições
públicas, representadas pelo gênero tributo, a forma, o meio, o salário, a
receita para fazer face às suas necessidades.
Entendemos que este mecanismo, este suporte, deixa
muito a desejar. Não vamos aqui fazer uma abordagem da questão da injustiça
fiscal, dessa disparidade que não dimensiona corretamente a parcela de
contribuição de cada um segundo a sua disponibilidade, segundo a sua
capacidade, segundo a sua prosperidade, não vamos entrar nem nesse terreno de
se fazer um saneamento nessa ordem. Analisamos exatamente o tributo, esse
mecanismo, essa forma de receita para que a Administração enfrente as suas
dificuldades. Se fizermos uma análise, vamos ver que o Município, esse ente
menor da Federação, ele, ao longo do tempo vem sendo sobrecarregado de
competência, de atribuições, mas não tem tido a necessária correspondência às
obrigações que lhe incumbem.
E por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
independentemente dos governos, dos partidos e das ideologias, o Município, a
Entidade aqui, no Ceará, seja onde for, tem-se mostrado incompetente, para
fazer face às suas despesas. Então, fica aqui a nossa observação nesse aspecto,
que a grande questão que se coloca, é exatamente o modelo, a forma, o mecanismo
de receita da instituição do Estado, do Município, para fazer face ao elenco de
dispêndios que ele tem que fazer para dar cobro às necessidades populares.
Mas nós achamos, nos atendo mais objetivamente ao
orçamento, de que a aprovação do orçamento não implica, vejam bem,
necessariamente, uma aprovação antecipada das diferentes leis que lhe definem a
receita, Ver. Airto Ferronato. Nós entendemos que pela própria natureza institucional,
pela própria natureza, à luz do Direito Fiscal ou do Direito Financeiro, a
aprovação do orçamento, não importa, vejam bem, a aprovação das leis que lhe
dão a sustentação do ponto de vista da receita, isto porque o orçamento é uma
peça fundamental na Administração que fixa a despesa, sim, esta é rigorosa, mas
prevê a despesa. Tanto é verdade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como
ficaria o Município se num dado momento a população não pagasse ao Município?
Então, a esse aspecto fundamental na questão do orçamento, que é a previsão da
receita, é da natureza, é da essência do orçamento, a previsão da receita. Se
há uma receita prevista e não há fixação matemática da receita, nós entendemos,
salvo entendimento, contrário, de que a aprovação do orçamento, a aprovação da
sua previsão, a fixação da despesa sim, está sim está fortemente estabelecida.
Não importa a alteração ou a não-aprovação de leis, vejam bem, que estão a
sustentar, que estão a alicerçar o orçamento. Não ficam, por outro lado, Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, o legislador, a Câmara Municipal, os seus Vereadores,
ungidos à decisão de aprovação do orçamento, a terem que aprovar as leis que
implementam a receita orçamentária.
Esse é o entendimento que nós colocamos. E já
discutimos historicamente esta matéria; o que nós achamos, é absolutamente, não
indicado, é tentando reprovar determinadas situações, negarmos o orçamento,
porque segundo a melhor doutrina e a própria jurisprudência, a negação
orçamentária importaria na execução do orçamento anterior. Isso representaria,
inquestionavelmente, uma situação absolutamente insustentável do ponto de vista
da administração. Não teremos como suprir as necessidades para o funcionamento
da instituição, no caso, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
Então este Vereador aqui sustenta e entende e
firma-se neste entendimento, de que a aprovação do orçamento, no que respeita à
receita, é exatamente a aprovação de uma previsão que se dará ou não,
dependendo de circunstâncias voluntárias ou involuntárias, até mesmo, face
exatamente ao caráter de previsibilidade que se tem à frente dependendo de todo
um conjunto de circunstâncias. Nós entendemos que nenhuma medida deve preocupar
a questão da aprovação do orçamento com as leis posteriores, as taxas e demais
tributos, impostos, porque taxa é tributo, impostos que haveremos de discutir.
Portanto, fica aqui a nossa manifestação no sentido
de aprovarmos, Ver. Airto Ferronato, in
totum o Orçamento e evidentemente vamos examinar de per si, caso a caso, as
demais matérias que integram o elenco da receita orçamentária que são os
impostos, taxas, etc. Mas volto a frisar que este modelo que utiliza o nosso
País, a Nação Brasileira, a União, o Estado e o Município se me afigura o
modelo inconsistente, porque o imposto passou a se transformar num mecanismo
insuficiente a fazer face com a grande gama de necessidade que tem a população.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Próximo orador, Ver. Clovis Ilgenfritz.
O
SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, acho que quanto aos
encaminhamentos, as emendas, as propostas que ouvimos atentamente, algumas
críticas são construtivas. Nos colocaram, também, no dia em que se está
discutindo o Orçamento, uma íntima ligação entre a questão orçamentária e a
questão da reforma tributária e é muito justo que isso aconteça, porque os
nobres Vereadores estão preocupados, porque no ponto seguinte da discussão
deste egrégio Poder Legislativo vão passar por aqui propostas que mexem
substancialmente com a questão tributária e isso é um desafio que estamos
sentindo há muito tempo e que já foi tentada e iniciada uma solução no Governo
passado, quando se fez uma nova Carta de Valores e que foi muito bem feita no
ano de 1986, mas que teve uma reação contrária no momento em que foram
aplicados os números, pois era uma reação muito difícil como vamos ter,
possivelmente, agora.
Mas ao ceder certo terreno, ao tentar colocar as
questões dentro daquilo que chamavam na época de realidade econômica, de que o
povo não podia pagar, etc., acabou havendo uma redução, uma série de propostas
de freios para a reforma tributária em cima da carta de valores, que era
exatamente naquelas áreas que teriam melhores condições de pagar, por um lado,
porque, como disse o nobre Ver. Isaac Ainhorn, que tem defendido essa tese com
todo rigor, nós não podemos indexar além da inflação. Mas como as coisas estão
há muito tempo sem ser reajustadas, nós temos que assumir esse risco, porque
senão, o IPTU, que representava, na década de 70, no início da década de 80, em
torno de 20 a 22% da arrecadação municipal, hoje, em 1989 – e já foi assim em
1988, em 1987, mas, agora, pior ainda – está representando 3.5% da arrecadação
municipal e é um tributo direto que nós, Vereadores, e nós, comunidade, temos
que nos responsabilizar.
Então, eu acho que no momento da discussão da
reforma tributária, IPTU, ISSQN, a taxa de iluminação, que tem causado
polêmica, e que nós entendemos que tem que ser esclarecida, 92% dos municípios
brasileiros têm essa taxa funcionando, constitucionalmente, aqui se alega que
não é constitucional, e nós vamos ter que saber por que e, se for o caso, até
tentar reformular isso. Mas eu acho que devemos dar tempo ao tempo e, via
discussão, extrapolar os limites do nosso Plenário, porque a riqueza da
discussão que se dá aqui acaba não se refletindo na sociedade como um todo e as
notícias de rádio, que são muito fragmentadas e até alguns debates que têm sido
feitos são induzidos a uma disputa política.
Nós estamos a poucos dias da eleição do novo
Presidente da República e isso também é natural, e querem colocar, por exemplo,
o Ver. Isaac Ainhorn, que hoje está junto conosco na grande frente para
transformar este País numa eleição que se vem avizinhando, somando forças nesse
lado, querem colocar, no caso da Câmara, em contradição com as Bancadas da
Frente Brasil Popular. Então, as notícias dos debates têm sido fragmentadas,
têm sido até, de certa forma, prejudiciais para o entendimento público. E nós
achamos que se hoje votarmos o orçamento, que tem prazo fatal marcado, que tem
prazo fatal que é para hoje, a não ser que haja convocação extraordinária. Se
tivermos consciência que esta outra discussão tem que ser aprofundada, preferia
hoje me fixar na questão do Orçamento.
Antecipando de certa forma a nossa posição, as
emendas que foram apresentadas pelos Srs. Vereadores, a rigor as quatro emendas
apresentadas, e mais uma que está para chegar que mexe com a questão da
educação, do Ver. Airto Ferronato, todas as cinco emendas têm procedimento, têm
embasamento muito importante, mexem com o Orçamento que está no mínimo, está no
limite, abaixo do que podia. Mas há quem diga, aqui na Câmara, e acho que dá
para se duvidar disso, e os economistas podem nos ajudar, aqueles que fazem os
números, que cuidam da estatística, que vai haver, que o nosso Orçamento,
realmente, está comprimido. Estamos com o Orçamento abaixo - e o Ver. Airto
Ferronato poderia me ajudar - daquilo que possivelmente vá ser o comportamento
da economia no ano que vem. Então dizem que o ICMs está calculado abaixo do que
vai ser, o IPTU está calculado abaixo do que vai ser, o ISSON; o Fundo de
Participação do Município por conseqüência vai ser maior, os impostos sobre
combustível e sobre transmissão de bens imóveis, que este ano ainda está
tumultuado, e no ano que vem, no ano que vem já entra num procedimento mais
fiscalizado pelo setor público, pelo setor cartorial, etc.
Então, achamos que isto até é bom, porque manda a
boa técnica orçamentária que não se façam projeções acima de um determinado
limite, porque é mais fácil se estar abaixo do limite inflacionário, ou abaixo
da arrecadação que vai haver, para poder dentro da arrecadação a mais fazer a
suplementação do que ficar com o Orçamento acima dos limites reais do
comportamento da economia, e assim sem solução para o encaminhamento legal de
cada uma das rubricas. Por outro lado, foi colocado pela experiência do Ver.
João Dib, Ver. Vicente Dutra e outros Vereadores, o próprio Ferronato, que
algumas questões de execução orçamentária têm condições de serem executadas
durante o exercício, porque realmente não há bola de cristal capaz de prever
exatamente como vai ser o comportamento da economia no ano que vem, como não
foi possível prever para este ano. Se nós fizermos um simples raciocínio,
restabelecendo os números do Orçamento votado em 1988 pela Casa, vamos ver que
ele previa uma arrecadação em torno de 126 milhões de cruzados novos. O
comportamento da arrecadação, possivelmente ultrapasse os 375 milhões. Isto, em
números redondos, são três vezes mais do que estava previsto.
Então, nós temos que admitir que, no ano que vem,
possam acontecer coisas, não neste nível, porque estamos propondo já uma série
de medidas que garantam um processo de arrecadação o mais parecido possível com
o processo de inflação, o que também não aconteceu de 1988 para 1989. Nós
lembramos que era para ser indexado, em 1988, o Orçamento, a nível dos tributos
ISSQN e IPTU, para que, este ano, não estivéssemos vivendo estas dificuldades.
Quando o Prefeito diz que está gastando 105% da arrecadação para pagar a Folha,
é verdade. Estamos fazendo empréstimos caríssimos para garantir que os
funcionários, que ganham mal, não deixem de ganhar, pelo menos aquilo que eles
já têm de direito. No tempo que me for permitido na hora dos encaminhamentos,
eu farei uma análise mais pormenorizada das Emendas que forem apresentadas.
Queria dizer, de antemão, em nome da Bancada, que nós podemos ter entendimentos sobre cada uma das Emendas, embora, algumas delas, nós entendamos que até pudessem ser revistas, como é o caso, por exemplo, da Emenda nº 2, do Ver. Vieira da Cunha, que suprime do Projeto de Lei do Executivo que é a lei orçamentária, a alínea “c”, inciso I, do art. 3º. Veja bem, é uma preocupação válida do Ver. Vieira da Cunha que nós, em princípio, concordamos. Agora, qual é a responsabilidade do Município? A verdade é a seguinte: nós temos na alínea “c”, do art. 3º item I, que diz: “Fica o Executivo autorizado... a abrir durante o exercício crédito suplementar”, como segue. E aí vem o “a” o “b”, o “c”. O “c” diz o seguinte: “Em atividades e projetos compatíveis - e agora eu me localizei - com a taxa de iluminação pública e fiscalização de anúncios, tarifa de esgoto misto, estabelecimento na área central, contribuição de melhoria na medida dos ingressos dos respectivos recursos financeiros até os limites estabelecidos na reserva de contingência”. Qual é a obrigação do Município? É propor isto aqui. É um problema de responsabilidade do Município para com o Poder Legislativo e com a comunidade, nós não podíamos propor uma taxa de iluminação, uma taxa de anúncios e outras taxas e depois deixar este dinheiro solto na vala comum da nossa Administração; sim, nós de antemão, estamos-nos comprometendo com a aplicação dos recursos nas rubricas para as quais eles estão sendo requisitados. Mas o Ver. Vieira da Cunha coloca que deveria este item ser retirado e a nossa arrecadação nestas receitas deveriam ser colocadas na vala comum e, logicamente, ser usadas para a finalidade que existiu, mas não ficamos com o compromisso, que nós, de antemão, estamos querendo assumir perante os Srs. Vereadores e a comunidade. Então, é um problema apenas que não influi a fundo, vamos dizer, no processo orçamentário.
O
Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Com referência a esta Emenda, nós gostaríamos de dizer que a redação do art.
3º, inciso I, alínea “c”, diz o seguinte: “Fica o Poder Executivo autorizado a
abrir créditos sem limite, inclusive em atividades e projetos compatíveis com a
taxa de iluminação pública, etc, etc...” “...na medida dos ingressos dos
respectivos recursos financeiros até o limite estabelecido na reserva de
contingência”. Evidentemente, foi uma preocupação sadia e correta da
Administração. Agora, eu entendo o seguinte que, uma vez retirada esta alínea
“c”, o que que ocorre? Nós, na medida em que o Executivo vai abrindo os
créditos, especificamente com referência a estes ingressos, nós temos condições
de ir acompanhando, inclusive, para onde estão sendo canalizados estes
recursos. Apenas uma exemplificação, apresentei uma Emenda à taxa de iluminação
pública dizendo que os recursos da taxa de iluminação pública são todos eles
aplicados em iluminação pública. Uma vez aprovado o Projeto e a Emenda, e uma
vez nós tendo condições de aprovar posteriormente o crédito especial sobre este
caso específico, nós vamos saber o quê? A receita, o Executivo está aplicando
assim: “x”, em reposição de luminárias; “y” em novos pontos de iluminação
pública. Então, na verdade, temos condições de até, futuramente, ter um
conhecimento e acompanhar para onde estão sendo canalizados estes recursos,
porque se nós autorizamos, hoje, a abertura de crédito, pelo total, o
Executivo, logicamente, temos consciência, faria da melhor maneira possível,
mas o Executivo estaria autorizado, hoje, a abrir os créditos suplementares ou
especiais, deste montante nos itens, que melhor lhe convier, enquanto que,
desta forma, retirando-se, não inviabiliza o Executivo e dá uma série de
informações ao Legislativo.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: A rigor, Sr.
Vereador, nós estávamos entendendo o contrário, nós estávamos entendendo que
com este tipo de formulação nós estávamos nos comprometendo a fazer este tipo
de uso desde já, e outro aspecto é prestar contas quando a Câmara assim o
desejar. Como, de fato, nós temos, inclusive, propostas que já tramitaram aqui
nesta Câmara, de uma prestação de contas formal - e acho que é fundamental que
seja feita - num prazo periódico, que foi estabelecido pela própria Câmara num
Projeto, se não me engano, do Ver. Wilton, são questões que nós temos que
discutir melhor à tarde, mas que acho que vão criar empecilhos por parte da
nossa Bancada, para que a gente tenha, hoje, esse orçamento aprovado e cumpra
essa tarefa que a Câmara está se dispondo.
Segundo, eu queria fazer uma observação rápida sobre
a Emenda nº 01, que é do Ver. Airto Ferronato; na Emenda nº 01 nós temos também
uma questão relacionada com os limites de crédito, conforme foi colocado no
Processo, que diz o seguinte: “estima a Receita e fixa a despesa do Município
para o exercício...etc...” Emenda nº 01: os incisos II e III do artigo 3º
passam a ter a seguinte redação, art. 3º, inciso II, diz o seguinte:
“realizarem, em qualquer mês do exercício, operações de créditos por
antecipação da Receita e oferecer as garantias usuais necessárias”. A proposta
de Emenda é a seguinte: “realizar em qualquer mês do exercício, operação de
crédito por antecipação da Receita até o limite de 25% da Receita prevista, e
oferecer garantias usuais necessárias”. Acrescenta um dispositivo que é um
dispositivo de Lei Federal que nós conhecemos e achamos que seria redundância,
por isso não está aqui. Mas é um dispositivo que nós temos que não só cumprir,
como temos obrigação de cumprir a nível da Legislação Federal. O item seguinte
é a mesma questão: “realizar operação de crédito para a cobertura do déficit
com entidades financeiras nacionais e oferecer as garantias usuais
necessárias”. Diz a proposta de Emenda: “realizar operações de créditos para a
cobertura do déficit com entidades financeiras nacionais, até o limite de 15%
da Receita prevista, e oferecer as garantias usuais necessárias”. Vejam bem, é
a mesma questão da anterior. Nós estamos colocando aqui um número que se refere
à capacidade de endividamento do Município em função do déficit previsto. Nós,
com a Emenda Retificativa, realmente passamos deste limite, e esta questão
passa a ser um limitador, porque o limite que estaríamos tendo, sem esta
Emenda, era de 16.67% que é o que a Emenda Retificativa coloca como déficit
previsto. E o limite que está sendo colocado pelo Vereador, na Emenda, é de
15%, conforme manda a lei. Também é uma proposta que não tem...
O
Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Quero dizer o seguinte: a línea “a” constou no PL até o limite de 25% da
despesa autorizada para abrir, durante o exercício, créditos suplementares.
Nesta alínea “a” também consta em lei que é 25%; quanto ao inciso III, isto não
consta na lei o limite de 15%. Agora, nós colocamos 15%, exatamente porque era
11%. Inclusive, hoje, apresentaram-se propostas retirando o total. Nós
entendemos que a nossa era razoável, até porque era maior. Agora, pela função
da Mensagem Retificativa, é que ela ficou um pouco menor, mas muito pouco.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: É, a diferença é
mínima. Entendo a preocupação do nobre Vereador, estava apenas fazendo um
comentário preliminar. Queríamos dizer ainda que tem mais Emendas – tem uma
Emenda nº 3, do Ver. Airto Ferronato, que se preocupa com uma destinação de
verbas que estão hoje alocadas no gabinete do Prefeito, para outros fins. E nós
tivemos, então, através de uma pesquisa feita, rapidamente, a preocupação de
mostrar que nós não temos problemas em diminuir as verbas do gabinete. O problema
a nível político, em tese, também achamos que deva ser o menos possível, mas
elas estão neste momento no limite mínimo mesmo. Foi todo o critério usado para
o orçamento, principalmente para os setores da administração centralizada. Mas
na pesquisa que fizemos, de 1983 até 1989, e a previsão para 1990, nós nos
deparamos com números, tanto para o gabinete do Prefeito como para a Secretaria
de Governo Municipal, que dão a nós a tranqüilidade de dizer que não estávamos
acima dos percentuais normalmente colocados para esses dois setores. Ou seja,
nos casos de 1983 a 1990, incluindo o realizado até 1988, nós tivemos inclusive
percentuais mais altos. Em 1983, tivemos 0.7%; em 1986, tivemos 0.86%; em 1988,
tivemos 1.02%; já em 1989, que é a previsão para este ano, mas que não é o
realizado ainda, temos 0.6%; e a previsão para o ano que vem está em torno de
0.7%. Se retirados esses recursos, o percentual praticamente não muda.
O
Sr. Airto Ferronato: Em
função, inclusive, do valor, que é pequeno comparativamente. Nós fizemos essa
Emenda apenas para justificar porque, na verdade, no DEP, que há um problema
seriíssimo nesta Cidade, houve um aumento nominal de três mil, cento e pouco
por cento, enquanto que no gabinete do Prefeito houve um aumento de três mil,
trezentos e pouco por cento. Então, houve um aumento maior nas verbas do
gabinete do que no próprio DEP. Retirando-se isso aqui há praticamente um
aumento igual e, na verdade, não diminui sequer 0.1%.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Esse mesmo
raciocínio vale para a Emenda colocada pelo Ver. Zanella, que prevê uma verba
para o Distrito Industrial da Restinga. Essa Emenda também retira do gabinete
do Prefeito e da Secretaria do Governo Municipal um milhão para início das
obras daquele Distrito e também não chega a mudar o percentual que está
previsto. Nós podemos discutir melhor isso no expediente que for reservado para
essa finalidade. Mas, em suma, o orçamento do Município foi todo ele elaborado
– claro que deve haver alguns erros, algumas questões que teremos que fazer as
correções – e tem uma questão que é preocupante, e que o Sr. Presidente da Casa
me alertou para ela ontem, e já estamos tentando solucionar, que é a garantia
de uma rubrica própria para que a Câmara tenha, como já tinha respondido ao
Ver. Vieira da Cunha, verbas para continuar a obra da sua própria gestão.
Então, essa rubrica podemos, através de emenda, acrescentar para garantir que a
Câmara tenha uma autonomia nesse sentido de aplicação de recursos nas obras e
não haja toda uma dependência que tem havido do Executivo que achamos que deve
haver uma interdependência, mas que não pode haver essas interrupções que têm
acontecido. Infelizmente, tanto aconteceram como estão acontecendo ainda em
função da nossa falta de estrutura nos organismos do Executivo que precisariam
executar esse serviço.
São questões que estão sendo colocadas hoje, e que
acho que a rigor não inviabilizam o processo de aprovação desse Orçamento como
um todo que tem também, para terminar, dizendo que é fundamental para nós que
se garanta que o plano de obras proposto pela comunidade possa ser realmente
respeitado e ele está nos limites máximos de investimento para o ano de 1990
que é em torno de 12.1% se a reforma tributária for aprovada, porque sem a
reforma tributária aquele orçamento, aquele plano de obras fica prejudicado
desde já. É uma questão básica e o plano de obras é uma discussão, queiram ou
não, tenha ou não a representatividade que possa ser colocada aqui. Nós
entendemos que a melhor discussão possível foi feita durante mais de três meses
com setores importantíssimos da comunidade e que trazem através de um anexo ao
Projeto enviado pelo Sr. Prefeito uma proposta de investimento bem definida,
com cada uma das 16 regiões que decidiram discutir esse assunto. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A Mesa submete ao Plenário os seguintes Requerimentos: de autoria do
Ver. João Dib, solicitando a retirada da Emenda nº 6 ao PLE nº 050/89; de
autoria do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando a retirada da Emenda nº 7 ao mesmo
Projeto. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que os aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADOS.
A Mesa apregoa, ainda, as Emendas nºs 8 e
9 apostas ao PLE nº 050/89, de autoria do Ver. Airto Ferronato e demais
Lideranças.
O
SR. AIRTO FERRONATO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, serei breve, dizendo o
seguinte: pelas informações que colhi, hoje, além de ser o último dia de
tratarmos do Parecer da Lei Orgânica, também seria o último dia para a redação
do Orçamento para ser encaminhado ao Executivo. Em função disso, dado os
envolvimentos em que estamos no momento, solicitaria que fosse feito um pedido
ao Executivo que nos encaminhasse hoje à tarde dois técnicos da Secretaria do
Planejamento para auxiliar nesta atividade.
O
SR. PRESIDENTE: Os Assessores da Secretaria de Planejamento já se encontram na Casa,
tanto é que já estão nos assessorando nas Emendas que anunciamos neste momento.
Com a palavra, o Ver. Luiz Braz. Desiste. Ver.
Adroaldo Corrêa. Desiste.
Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 12h39min.)
* * * * *